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segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Sara e Suas Filhas


(Sermão Nº 1633)
Pregado na Noite de Terça-Feira, 28 de April de 1881,
Por C. H. Spurgeon, no Metropolitan Tabernacle, Newington.

“Olhai para Abraão, vosso pai, e para Sara, que vos deu à luz; porque, sendo ele só, o chamei, e o abençoei e o multipliquei.” (Isaías 51:2)

“Como Sara obedecia a Abraão, chamando-lhe senhor; da qual vós sois filhas, fazendo o bem, e não temendo nenhum espanto.” (1 Pedro 3:6)

DESEJO agradecer a Deus por ter tido o privilégio de pregar em Exeter Hall, ontem, a uma grande congregação a partir de todo o segundo versículo do [capítulo] 51 de Isaías – “Olhai para Abraão, vosso pai, e para Sara, que vos deu à luz; porque, sendo ele só, o chamei, e o abençoei e o multipliquei”. [Veja o Sermão Nº 1596, Ouvi e Olhai – Ou, Encorajamento Para Crentes, pregado em nome da Sociedade Missionária Batista, na manhã de Abril 27,1881].

Naquela ocasião, limitei minhas observações a Abraão e tentei fazer proeminente os fatos de que Deus o chamou, enquanto ele era um homem pagão, um homem e um homem solitário – e ainda assim Ele abençoou e fez dele o fundador do Seu povo, multiplicando a seu descendência como as estrelas e como a areia da praia. Eu devotamente implorei ao Senhor para aceitar o meu testemunho de Seu poder e aumentar a fé de muitos dos seus servos a quem eu falei naquela ocasião. Seu Espírito Santo me deu a palavra – que Ele possa fazer que Seus santos se alimentem disto!

Agora, eu nunca gostaria de fazer uma injustiça a ninguém, e eu sinto que eu não falei, naquele sermão, suficientemente sobre Sara, apesar de eu quase não esquecê-la. Vamos compensar nossas omissões. Se tivemos Abraão no Exeter Hall ontem de manhã, teremos Sara no Tabernáculo, hoje à noite, e talvez nós devemos aprender uma lição com seu caráter santo, bem como com o de seu marido. E as duas lições combinadas podem avançar para o aperfeiçoamento de cada um. Que o nosso grande Mestre, o Espírito Santo, agora nos instrua! Para começar, vamos observar que circunstância feliz é quando, um homem piedoso, gracioso tem uma esposa igualmente piedosa e graciosa.

É prejudicial quando há uma diferença, uma diferença radical, entre marido e mulher quando um teme a Deus e o outro não tem respeito por Ele. Que dor é para uma mulher cristã ser submissa a um marido descrente! Em um caso que eu me lembro, o marido viveu toda a sua vida indiferente às coisas Divinas, enquanto a esposa era uma mulher cristã fervorosa e viu todos os seus filhos crescerem nos caminhos do Senhor. O pai viveu não-regenerado e morreu sem dar qualquer testemunho de uma mudança de coração. Quando nossa Irmã fala dele, é com temerosa angústia. Ela não sabe o que dizer, mas deixa o assunto nas mãos de Deus, muitas vezes, suspirando: “Ó, que por uma palavra ou um olhar eu pudesse ter sido capacitada a nutrir a esperança de que o meu pobre marido olhou para Jesus por fim.”
O mesmo deve ser o caso de um marido que tem uma esposa ímpia. Por mais que Deus possa abençoá-lo em todos os outros aspectos, parece haver uma grande falta lá – como se uma parte do sol fosse eclipsado – que uma parte da vida que seria toda a luz é deixada na escuridão. Ó, que aqueles de nós que têm a felicidade de estar unidos no Senhor agradecêssemos e bendisséssemos a Deus cada vez que lembrássemos um ao outro! Peçamos a Deus, para ter tal privilégio – que nossas orações não sejam prejudicadas por parceiros irreligiosos – que possamos nunca dificultar nossas orações nós mesmos! Queira Deus que possamos dar ao Seu Nome grande glória por causa da Sua escolha a nosso favor de nesse aspecto.

Abraão teve motivos para louvar a Deus por Sara e Sara era grata por Abraão. Eu não tenho a menor dúvida de que o caráter de Sara devia muito de sua excelência a Abraão. Eu não me maravilharia, no entanto, se descobrirmos, quando todas as coisas são reveladas, que Abraão devia tanto quanto à Sara! Eles provavelmente aprenderam um com o outro. Às vezes o mais fraco consolou o mais forte e muitas vezes o mais forte sustentou o mais fraco. Eu não deveria me perguntar se um intercâmbio mútuo dos suas várias Graças tendem a torná-los ricos nas coisas de Deus. Talvez Abraão não houvesse sido tudo o que Abraão foi se Sara não houvesse sido tudo o que Sara era.

Nosso primeiro texto nos ordena: “Olhai para Sara”, e nós olhamos para ela e agradece-mos a Deus se nós, como Abraão, somos favorecidos com cônjuges santos, cujos temperamentos e características amáveis tendem a nos fazer melhores servos de Deus. Notamos, em seguida, enquanto nós olhamos para Sara, que Deus não esquece as luzes menores. Abraão brilha como uma estrela de primeira grandeza e não observamos, à primeira vista, aquela outra estrela com luz tão brilhante e pura, reluzindo com mais suave brilho, porém com resplendor aparentado, próxima ao seu lado. A luz de Manre, que é conhecida sob o nome de Abraão, aclara-se em uma estrela dupla quando aplicamos o telescópio da reflexão e observação. Para o olho comum, Abraão é o único personagem e as pessoas comuns ignoram sua fiel esposa, mas Deus não o faz!

Nosso Deus nunca omite o bem que é obscuro. Você pode depender de que não existe essa diferença no amor de Deus para com diferentes pessoas como devesse fazê-Lo fixar Seus olhos apenas sobre aqueles que são fortes e omitir aqueles que são fracos. Nossos olhos espiam as grandes coisas, mas os olhos de Deus são tais que nada é grande com Ele e nada é pouco. Ele é infinito e, portanto, nada tem qualquer comparação para Ele. Você se lembra de como está escrito que aquele que conta as estrelas e as chama pelo nome também se une a quebrantados de coração, e cura todas as feridas. Aquele que valoriza os nomes de Seus Apóstolos, observa, também, as mulheres que seguiram em seus caminhos. Aquele que nota os bravos confessores e os pregadores ousados do Evangelho também lembra daqueles ajudantes que trabalham em silêncio no Evangelho nos lugares de recuo em que os olhos do falcão da história raramente esquadrinham.

Vamos, portanto, aqueles aqui presentes que consideram a si mesmos serem da tribo de Benjamim, sendo pequenos em Israel, nunca desanimar por causa disso – porque o Senhor é grande demais para desprezar os pequeninos! Vocês não são esquecidos de Deus, ó vós, que são ignorados pelos homens! Os olhos do Senhor estão sobre os inumeráveis seres rastejantes no grande mar, bem como sobre o leviatã – Ele observará você. Se Ele envia as chuvas inundantes que fazem fortes os cedros, que estão cheios de seiva e enfeitam a fronte do Líbano, assim Ele envia a cada pequena folha da grama a sua própria gota de orvalho. Deus não esquece o menor em Seu cuidado pelo maior! Sara foi em vida coberta com o escudo do Todo-Poderoso, assim como Abraão, seu marido – na morte ela descansou no mesmo túmulo – no Céu ela tem a mesma alegria! No Livro do Senhor ela tem o mesmo registro!

Em seguida, percebam que seria bom para nós imitarmos a Deus nisto – não esquecendo as luzes menores. Eu não sei se grandes homens são muitas vezes bons exemplos. Lamento quando, porque os homens têm sido inteligentes e bem-sucedidos, eles são exibidos para imitação, embora seus motivos e moral tenham sido questionáveis. Eu preferiria que os homens fossem estúpidos e honestos a serem inteligentes e astutos! É melhor agir corretamente e falhar por completo do que ter sucesso por meio de mentira e astúcia. Preferiria antes apelar ao meu filho a imitar um homem honesto que não tem talento e cuja vida não é bem sucedida, do que apontá-lo para o mais inteligente e maior que já existiu – cuja vida tornou-se um sucesso brilhante – mas cujos princípios são condenáveis. Aprendam não do grande mas do bom! Não sejam deslumbrados com o sucesso, mas sigam a luz mais segura da verdade e da razão!

Porém, assim é, que os homens, principalmente, observam apenas o que está escrito em letras grandes. Mas vocês sabem que a partes mais seletas do livros de Deus são impres-sos em caracteres pequenos. Aqueles que só conhecem os rudimentos podem soletrar as palavras grandes, dos tipos que são para bebês, mas quem quer seja plenamente instruído deve sentar-se e ler as letras pequenas de Deus, dadas a nós através da vida dos santos que a maioria dos homens negligenciam! Algumas das virtudes preciosas não são muito vistas nos grandes como no silêncio, na vida oculta. Muitas mulheres cristãs manifestam uma glória de caráter que não é encontrada em nenhum homem público. Estou certo de que em muito uma flor que “nasce para aspecto invisível” e, como nós pensamos, “esbanja a sua fragrância no ar do deserto”, é mais formosa do que as belezas que reinam no conservatório e são a admiração de todos!

Deus tem formas de produzir coisas mui preciosas em pequena escala. Como pérolas raras e pedras preciosas nunca são grandes massas de rocha, mas sempre se encontram dentro de um compasso estreito, assim, tão frequentemente as mais belas e ricas virtudes encontram-se nos indivíduos mais humildes. Um homem pode ser grande demais para ser bom, mas ele não pode ser pequeno demais para ser gracioso. Não esteja, portanto, sempre estudando [somente] Abraão, o maior personagem. O texto não diz: “Olhai para Abraão, vosso pai, e para Sara, que vos deu à luz”? Você não aprendeu a plena lição da vida patriarcal até que tenha estado na tenda com Sara, assim como entre os rebanhos com seu marido.
Além disso, uma outra reflexão surge, a saber, que a fé se revela de várias maneiras. A fé faz de uma pessoa isto e de outro aquilo. A fé em Noé faz dele um construtor naval e o segundo dos grandes pais do mundo. A fé em Abraão faz dele um peregrino e um estrangeiro. A fé em Moisés faz ele praguejar [contra o] Egito e alimentar uma nação por 40 anos no deserto. A fé em Davi faz ele matar um gigante, salvar um reino e ascender a um trono. A fé em Sansão faz ele matar mil filisteus e em Raabe a faz salvar dois israe-litas. A fé tem muitas formas de trabalhar e ela opera de acordo com a condição e posição da pessoa na qual ela habita. Sara não se torna Abraão, nem Abraão tornar-se Sara.

A fé em Isaque não faz dele o mesmo homem majestoso como Abraão – ele é sempre manso e suave ao invés de grande e nobre – ele vem como um vale entre as duas grandes colinas de Abraão e Jacó. Isaque é Isaque e Isaque tem tal virtude, como torna-se aquele a quem o Senhor amou. E Jacó, também, é Jacó, e não seu pai. Ele é ativo, enérgico e previdente. Deus, por Sua Graça, não nos levanta no nosso lugar. Um homem é feito gentil, mas ele não é feito um tolo. Uma mulher é feita corajosa, mas a Graça Divina nunca a torna magistral e dominadora. A Graça não torna a criança tão obstinada para que ela desobedeça seu pai – é outra coisa que faz isso. A graça não tira do pai a sua autoridade para comandar a criança. Ela nos deixa onde estávamos, em certo sentido, como a nossa posição, e o fruto que ela produz é congruente a essa posição.

Assim, Sara é embelezada com as virtudes que adornam uma mulher, enquanto Abraão é adornado com todas as excelências que são apropriadas em um homem piedoso. De acordo como a virtude é exigida, assim ela é que produzida. Se as circunstâncias exigirem coragem, Deus faz seu servo heroico. Se as circunstâncias exigirem grande modéstia e prudência, modéstia e prudência são concedidas. A fé é a varinha de um mágico maravilhoso! Ela apera maravilhas, consegue impossibilidades, ela alcança o incompreensível. A fé pode ser usada em qualquer lugar – no mais alto dos céus toca o ouvido de Deus e obtém o nosso desejo dEle – e nos lugares mais baixos da terra entre os pobres e caídos, animando-os e erguendo-os. A fé saciará a violência do fogo, virará o fio da espada, arrebatará a presa do inimigo e porá o estrangeiro em fuga.

Não há nada que ela não possa fazer. É um princípio disponível para todos os tempos, para ser usado em todas as ocasiões, apropriada para ser usada por todos os homens para todos os fins santos. Aqueles que foram ensinados a arte sagrada de crer em Deus são os que verdadeiramente aprenderam – nenhum grau da universidade mais importante pode ser igual em valor ao que vem com muita confiança em fé. Veremos, nesta noite, que se Abraão anda diante de Deus e é perfeito – se ele fere os reis que levaram Ló cativo, se ele faz esses atos de bravura enquanto se tornava um homem – a mesma fé faz Sara andar diante de Deus em sua perfeição e ela executa as ações que se tornam sua feminilidade. E ela, também, está escrita entre os heróis da fé que magnificaram ao Senhor! Somos guiados por nosso segundo texto a olhar para o fruto da fé em Sara.
Havia dois frutos da fé em Sara – ela fazia bem e ela não tinha medo de nenhum espanto. Vamos começar com o primeiro. Diz-se dela que ELA FEZ BEM, “da qual vós sois filhas, fazendo o bem”. Ela fez o bem como uma esposa. Ela era tudo o que o seu marido poderia desejar e, quando, com a idade de 127 anos, ela finalmente caiu no sono, é dito que Abraão não só lamentou por ela, mas o velho chorou por ela as suas mais reais e genuínas lágrimas de tristeza. Ele chorou pela perda de alguém que tinha sido a vida de sua casa. Como esposa, ela fez bem. Todas os deveres que eram incumbidos a ela como rainha daquela companhia itinerante foram realizados admiravelmente e não encontramos nenhuma falha sua mencionada a esse respeito.

Ela fez o bem como anfitriã. Era seu dever, como seu marido foi dado à hospitalidade, estar disposta a entreter seus convidados. E o exemplo registrado é, sem dúvida, a representação de seu modo comum de procedimento. Embora ela fosse realmente uma princesa, ainda assim ela amassava a massa e preparava o pão para os hóspedes do marido. Eles vieram de repente, mas ela não tinha nenhuma reclamação a fazer. Ela estava, na verdade, sempre pronta a levanter-se para executar o que era um dos mais altos deveres de uma família temente a Deus, naqueles tempos primitivos. Ela fez o bem, também, como uma mãe. Temos a certeza de que ela o fez, porque nós encontramos que seu filho Isaque foi um homem tão excelente – e você pode dizer o que quiser, mas nas mãos de Deus a mãe forma o caráter do menino! Talvez o pai influencia inconscientemen-te as meninas, mas a mãe tem evidentemente mais influência sobre os filhos. Qualquer um de nós pode testemunhar que é assim em nosso próprio caso. Há exceções, é claro, mas na maioria das vezes, a mãe é a rainha do filho e ele olha para ela com infinito respeito, se ela é em tudo tal como possa ser respeitada. Sara, pela fé, fez seu trabalho com Isaque, bem, pois, desde o princípio, em sua submissão ao seu pai quando ele deveria ser oferecido como sacrifício, vemos nele a evidência de uma santa obediência e fé em Deus que foram raramente igualadas – e nunca foram superadas. Além disso, está escrito que Deus disse a Abraão: “Porque eu o tenho conhecido, e sei que ele há de ordenar a seus filhos e à sua casa depois dele”.

Há um traço no caráter de Abraão que, onde quer que fosse, ele ergueu um altar ao Senhor. Seu governo era uma tenda e um altar. Caros amigos, vocês sempre fazem essas duas coisas caminharem juntas – uma tenda e um altar? Onde vocês moram, há a certeza de haver culto familiar ali? Tenho medo de que muitas famílias o negligenciam e muitas vezes é assim porque o marido e a mulher não estão de acordo sobre isso. E tenho certeza de que não teria sido essa definição invariável de adoração a Deus por Abraão em sua tenda, a menos que Sara houvesse sido tão piedosa como ele próprio. Ela fez o bem, também, como Crente, e isso não no ponto médio. Como uma Crente, quando Abraão foi chamado a separar-se de sua parentela, Sara foi com ele. Ela adotaria a vida separada também, e a mesma caravana que viajou através do deserto com Abraão por seu mestre tinha Sara por sua ama.

Ela continuou com ele, acreditando em Deus com perseverança. Embora eles não tivessem cidade para habitar, ela continuou a vida peregrina com o seu marido, à procura da “cidade que tem fundamentos, da qual o artífice e construtor é Deus”. Ela acreditou na promessa de Deus de todo o seu coração, pois embora ela risse, uma vez, porque quando a promessa se aproximava de sua realização a afligiu – isto foi apenas um deslize do momento, pois está escrito pelo Apóstolo no [capítulo] 11 de Hebreus – “Pela fé também a mesma Sara recebeu a virtude de conceber, e deu à luz já fora da idade; porquanto teve por fiel aquele que lho tinha prometido”. Não foi por natureza, mas pela fé, que nasceu Isaque, o filho de outro tipo de riso do que o de dúvida – o filho de acordo com a promessa de Deus. Ela era uma mulher crente, então, e ela viveu uma vida crendo e por isso ela fez o bem.

Ela fez o bem para seus pais, bem ao seu marido, bem em sua casa, bem a seus hóspedes, bem diante de seu Deus. Ó, que todas do povo Cristão professo tivessem uma fé que se manifesta em fazer bem! Mas nunca se esqueçam de que, apesar de nós pregarmos fé, fé, fé, como os grandes meios de salvação, ainda assim nunca dissemos que vocês são salvo, a menos que haja uma mudança operada em vocês e boas obras sejam produzidas em vocês, pois “a fé sem obras é morta em si mesma”. A fé salva, mas é a fé que leva os homens a fazerem bem. E se há uma fé (e há uma tal fé), que leva um homem a ser apenas o que ele era, e permite-lhe entrar em pecado, esta é a fé dos demônios! Talvez não tão boa quanto aquela, pois “os demônios creem e estremecem”, considerando que estes hipócritas professam crer e ainda se atrevem a desafiar a Deus! Eles parecem não ter medo dEle de modo algum! Sara teve este testemunho do Senhor, que ela fez o bem. E vocês são suas filhas, todas as que creem, se vocês fazem bem. Não descreditem a vossa mãe majestosa. Tomem cuidado para que vocês honrem seu parentesco espiritual e mantenham o alto prestígio da família eleita.

O ponto em que vou alongar-me agora é este – que ela provou sua fé por uma segunda evidência - ELA NÃO “TEMEU NENHUM ESPANTO”. O texto diz: “da qual vós sois filhas, fazendo o bem, e não temendo nenhum espanto”. Ela era calma e tranquila e não era dada ao medo por qualquer terror. Houve várias ocasiões em que ela poderia ter sido muito inquieta e aborrecida. A primeira foi em romper com sua vida doméstica. Vejam, seu marido, Abraão, recebe um chamado para sair de Ur dos Caldeus. Bem, é uma jornada considerável e eles se deslocam para Harã. Há algumas mulheres – mulheres descrentes – que não teriam compreendido isso.

Por que ele quer ir embora da terra em que ele vive e longe de todos os nossos parentes, embora para Harã? Esta teria sido a pergunta se ela não tivesse sido uma participante na fé do marido. Uma mulher descrente teria dito, “um chamado de Deus? Sem sentido! Fanatismo! Eu não creio nisso!” E quando ela visse que seu marido iria, ela teria ficado com medo, com grande espanto. Quando Abraão foi para Harã com seu pai Terá, Terá morreu em Harã, e então Deus o chamou para ir mais longe, eles tiveram que atravessar o rio Eufrates e ir direto para uma terra da qual ele não sabia nada sobre, e isso deve ter sido uma experiência ainda mais severa. Quando eles empacotaram seus bens sobre os camelos e jumentos e começaram com o sua comitiva de servos e ovelhas e bois, ela poderia muito naturalmente ter dito, se ela fosse uma mulher descrente: “Onde você está indo?” “Eu não sei”, diz Abraão. “Por que você está indo? O que você vai conseguir?” “Eu não sei”, disse a Abraão: “Deus ordenou-me ir, mas para onde estou indo, eu não sei. E para que estou indo, eu não posso dizer exatamente, exceto que Deus disse: ‘Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei’”. Nós não lemos que Sara alguma vez fez essas perguntas, nem nunca esteve incomodada em absoluto sobre elas. As coisas foram colocadas nas costas dos camelos e para longe ela viajou, porque Deus havia chamado seu marido para ir e ela resolveu ir com ele. Através de inundações ou chamas, não importava para ela – ela sentia-se segura com o Deus de seu marido e com calma peregrinaram. Ela não tinha medo, nenhum espanto.

Então, embora nós não ouçamos muito sobre ela, sabemos que todos esses anos, ela teve que viver em uma tenda. Vocês sabem que o homem está no exterior assistindo ao seu negócio e ele não conhece muito sobre os desconfortos da casa, nem mesmo em tais casas como as nossas. Mas se vocês fossem chamados para deixar as vossas casas e ir morar em tendas, bem, o senhor poderia não se importar, mas a senhora iria! É uma vida muito difícil para uma dona de casa. Sara viajou de dia em dia e que com o movimento constante da tenda, como o gado deveria ser levado para pastos frescos, isto deve ter sido uma vida de terrível desconforto. No entanto, nunca Sara disse uma palavra sobre isso. Levante amanhã pela manhã, cada tenda levante, e toda a lona é enrolada, pois você deve mover-se para outra estação. O sol queima como um forno, mas você deve andar através da planície, ou se a noite é fria com geada e orvalho pesados, ainda, a lona é a sua única parede e telhado.

Lembre-se, eles estavam habitando em tendas como peregrinos e estrangeiros, não por um dia, ou dois, nem por alguns dias em um ano, mas por dezenas de anos a fio! Isto foi bravamente realizado por esta boa mulher de forma que ela não tinha medo com nenhum espanto. Além disso, eles não viviam em um país onde eles estavam sozinhos, ou rodeados de amigos, pois as tribos ao redor deles eram todos de outras religiões e de outros gostos e formas – e eles poderiam ter assassinado Abraão e matado toda a companhia se não fosse por uma espécie de temor que caiu sobre eles – pelo qual Jeová parece ter dito a eles: “Não toqueis os meus ungidos, e aos meus profetas não façais mal” [1 Crônicas 16:22]. O Patriarca e sua esposa moravam no meio de inimigos e ainda assim eles não tinham medo! Mas se ela não fosse uma mulher crente, ela estaria muitas vezes receosa com grande espanto! E então, houve um momento especial quando o velho homem, Abraão, colocou a sua armadura e foi para a guerra. Ele ouve que Quedorlaomer desceu com reis tributários e varreu as cidades da planície e levaram cativo seu sobrinho, Ló. Abraão diz: “Eu irei e o libertarei”. E ela poderia ter dito: “Meu marido, você é um homem velho. Esses cachos grisalhos não devem ser tocados com as manchas de Guerra”. Ela não disse nada do tipo, mas, sem dúvida, aplaudiu e sorriu enquanto ele convidou alguns de seus vizinhos que moravam perto para ir com ele. Ela não está sob nenhuma aflição de que seu marido se foi e todos os pastores e servos ao redor das tendas todos se foram, de modo que ela é deixada sozinha com suas servas. Não, ela fica em casa como uma rainha e não teme os ladrões, calmamente confia em seu Deus!
Abraão foi para a batalha e ela não teme por ele. E ela não precisa, pois ele fere os reis e eles são dados como pragana arrebatada pelo vento pelo seu arco. E ele volta carregado de despojos. Deus estava contente com a fé calma de Sara, porque em tempos atribulados ela não tinha medo nenhum espanto. Então veio, um pouco depois, aquela grande prova de fé que deve ter comovido Sara, que apesar de toda a sua força caiu sobre seu marido. Ela observou o triste desaparecimento de seu marido e seu servo. “Onde está o seu mestre? Ele não veio para o café da manhã.” Os servos dizem: “Ele levantou-se pela manhã muito cedo e saiu com o servo, e com o jumento, e com Isaque”. Ele não tinha dito a ela, pois Abraão havia lutado o suficiente consigo mesmo para levar embora Isaque para a montanha e oferecê-lo! Ele não poderia suportar repetir a luta com Sara. Ele foi embora sem dizer a Sara de suas ações. Esta foi uma nova condição das coisas para ela. Ele não retornou durante todo o dia. “Para onde foi o seu mestre? Eu nunca soube que ele fosse embora, antes, sem informar-me. E onde está Isaque?” Ó, aquele Isaque! Como ela temia por sua joia, o seu deleite, o filho da promessa, a maravilha da sua velhice! Ele não voltou para casa naquela noite, nem Abraão. Nem no dia seguinte, nem no próximo.

Três dias se passaram e eu mal posso imaginar a ansiedade que teria caído sobre qualquer um de vocês, se vocês fossem Sara, a menos que vocês tivessem desfrutado da fé de Sara – pois pela fé, neste penoso caso, ela não tinha medo de nenhum espanto.

Ouso dizer que levou três dias para Abraão voltar, de modo que era quase uma semana, e nenhum Abraão e nenhum Isaque. Alguém poderia pensar que ela teria perambulado, clamando: “Onde está meu marido, e onde está o meu filho?” Mas não é assim. Ela aguardou calmamente e disse consigo: “Se ele se foi, ele se foi devido alguma missão necessária, e ele estará sob a proteção de Deus. E Deus, Quem prometeu abençoá-lo e abençoar a sua semente não infligirá nenhum mal para prejudicá-lo”. Então, ela descansava tranquilamente, quando outras teriam estado em desânimo terrível. Ela não tinha medo de nenhum espanto. Nós ouvimos tão pouco dito sobre Sara que eu sou obrigado, portanto, a imaginar o que eu sinto que ela teria sido, porque a natureza humana é tão parecida em si mesma e o efeito dos eventos sobre nós é muito parecido com o efeito que teria sido produzido sobre o mente de Sara. Agora, este é um ponto em que as mulheres Cristãs e, nesse assunto, homens Cristãos, também, devem procurar imitar Sara. Não devemos deixar que os nossos corações sejam atribulados, mas descansar no Senhor e esperar pacientemente nele. O que é essa virtude? É uma calma, quieta confiança em Deus. É a libertação do medo, como é descrito em outro lugar, nestas palavras – “Não temerá maus rumores; o seu coração está firme, confiando no Senhor” [Salmos 112:7]. Ou, como lemos nas palavras de Davi, na outra noite: “Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam”. Esta é a compostura do espírito, a liberdade da ansiedade, a ausência de mau humor e a pura libertação de alarme, de modo que, aconteça o que acontecer, a trepidação não se apodera do espírito, mas o coração continua em seu próprio ritmo tranquilo, deleitando-se em um Deus fiel.
Esta é a virtude que vale a pena o resgate de um rei e Sara a tinha! “Da qual vós sois filhas se vocês não temem nenhum espanto”. Quando esta virtude deve ser exercitada por nós? Bem, ela deve ser exercida em todos os momentos. Se não nos acalmamos quando estamos felizes, nós não somos susceptíveis de ter calma quando estivermos tristes. Percebo que, se eu sou de todo satisfeito com o elogio de um amigo, eu me tornei em tal medida propenso a ser entristecido pela censura de um inimigo. Portanto, como você está exultante pela prosperidade, assim, tanto mais você é suscetível de ficar deprimido quando a adversidade vier. Mas se você está calmo, tranquilo, feliz – não, mais do que isso – quando tudo vai bem, então você será calmo, tranquilo, feliz – não menos do que isso – quando tudo for mal. Manter um quadro equilibrado da mente é uma coisa para objetivar, como o jardineiro deseja uma temperatura uniforme para suas flores escolhidas.

Você pergunta: Quem deve exercitar esta virtude? Todos nós devemos fazê-lo! Mas o texto é especialmente direcionado para as irmãs. Suponho que as mulheres são exortados a isso, porque algumas delas são bastante emotivas, um pouco histéricas e aptas a estarem terrivelmente deprimidas e totalmente arrebatadas. Eu não estou dizendo que esta falha é geral ou comum entre as mulheres, nem estou culpando-as, mas apenas afirmando o fato de que algumas são assim aflitas e isto é algo feliz, feliz se elas puderem dominá-lo, de modo que elas não tenham medo de nenhum espanto. Mas essa virtude especialmente serve em tempo de angústia quando uma tribulação muito séria nos ameaça. Em seguida, a Cristã não deve dizer: “O que farei? Nunca o suportarei. Eu não posso viver com isso. Certamente Deus se esqueceu de mim. Este problema me aniquilará. Morrerei de um coração partido”. Não. Não. Não! Não fale assim! Minha querida Amiga, não fale assim.

Se você é filha de Deus nem sequer pense assim. Tente em paciência levantar a cabeça e lembrar-se de Sara, “da qual vós sois filhas se não temeis nenhum espanto”. E, assim deve ser em tempos de enfermidade pessoal. Quantas são as dores e sofrimentos que caem na porção da irmandade! Mas se você tem fé, você não terá medo de nenhum espanto. Eu vi um dia, em outro dia, alguém que estava prestes a sofrer com a faca do cirurgião. Esta foi uma operação séria, sobre o qual tudo estava em dúvida. Mas eu estava feliz em vê-la tão calma na perspectiva de que, aquilo era pensado estar sendo um prazer e não uma dor. Assim calmamente resignada é que a Cristã deve ser! Fui ver, ontem, uma irmã idosa – membra da Igreja, perto dos oitenta anos de idade. Ela está morrendo com hidropisia e, estando incapaz de deitar-se na cama, está obrigada a sentar-se sempre – uma postura que permite pouco ou nenhum descanso.

Quando entrei no quarto, ela me acolheu mais amorosamente o que, talvez, não foi surpreendente, pois ela é muito apegada ao seu ministro. A maravilha reside no fato de que ela expressava-se como sendo cheia de felicidade, plena de alegria, cheio de expectativa de estar com Cristo! Eu fui para confortá-la, mas ela me confortou! O que eu poderia dizer? Ela falou sobre a bondade de Deus com um olho tão cheio de prazer, como se tivesse sido uma donzela falando com seu jovem companheiro sobre o dia de seu casamento! Nossa Irmã costumava sentar-se ali, no banco ali. Parece-me que a vejo sentada lá agora, mas logo ela vai se sentar entre os mais brilhantes no céu! Fiquei encantado ao ver alguém com tais marcas evidentes de dor continua em seu rosto, mas com tanta doce serenidade também! Sim, com mais de serenidade – com gozo inefável no Senhor – tal, como eu temo, alguns em saúde e força ainda não aprenderam! A mulher Cristã não deve ter medo de nenhum espanto seja na adversidade ou na doença, mas sua santa paciência deve provar que ela é uma verdadeira filha de Sara e Abraão. Mulheres Cristãs nos dias de Pedro estavam sujeitas à perseguição, tanto quanto seus maridos. Elas foram trancadas na prisão, açoitadas, torturadas, queimadas ou mortas à espada. Uma santa mulher nos primeiros dias da Igreja foi jogada sobre os chifres de touros. Outra foi obrigada a sentar-se em uma cadeira de ferro em brasa. Assim foram torturadas, não aceitando o seu livramento. Nos primeiros dias de martírio as mulheres atuaram com os homens, bem como os homens! Elas desafiaram o tirano a fazer o seu pior sobre seus corpos mortais, por seus espíritos conquistados riam a cada tormento! Se os tempos de perseguir deve vir de novo, ou se eles já estão aqui, em alguma medida, ó filhas de Sara, façam o bem e não tenha medo de nenhum espanto! E assim, se você deve ser chamada para algum dever severo, se você deve ser obrigada a fazer o que você sente que não pode fazer, lembre-se que qualquer um pode fazer o que ele puder fazer. É o homem crente que acredita que faz o que ele não pode fazer. Alcançamos impossibilidades pelo poder do Deus Todo-Poderoso. Não temais, pois, por qualquer dever, mas acredite que você será capaz de fazê-lo, pois a Graça será suficiente para você.

Por fim, na perspectiva da morte, minhas queridas Amigas, que vocês não possam ter medo de nenhum espanto! Muitas vezes um leito de morte é um lugar de oportunidade para um Cristão. Onde outros mostram seu medo e, por vezes, o seu terror, não deve o Crente mostrar a sua tranquilidade e sua expectativa feliz, não tendo medo nenhum espanto, seja qual for a forma que a morte possa ter! Agora, o que é a excelência dessa virtude? Vou responder a essa pergunta, dizendo que é por causa de Deus que não devemos ter medo de nenhum espanto. Tal Deus que temos deve ser confiável. Sob a sombra de um tal asa, o medo se torna um pecado! Se Deus fosse diferente do que Ele é, poderíamos ter medo. Mas, enquanto Ele é um Deus tal, é devido a Ele que o medo seja banido. Tranquilidade é a verdadeira adoração. Silêncio em condições alarmantes é a devoção. Adora melhor aquela que é mais calma em tempos maus.

Além disso, a excelência dessa virtude é que é mais impressionante para os homens. Eu não acho que nada é mais provável de impressionar os ímpios do que a paz tranquila do espírito de um Cristão em perigo ou à beira da morte. Se podemos ser felizes, então, os nossos amigos perguntarão: “O que os torna tão calmos?” Nem é a utilidade limitada aos outros. É mais útil para nós mesmos, pois aquele que pode ser calmo no tempo angústia será mais propenso a conduzir o seu caminho através dele. Quando uma vez vocês estão com medo, vocês não podem julgar com sabedoria a respeito de seu melhor caminho. Vocês geralmente fazem o mal quando estão assustados fora de sua confiança em Deus. Quando o coração começa a palpitar, então todo o sistema fica fora de ordem para a batalha da vida. Tenham calma e esperem pela sua oportunidade. As vitórias de Napoleão eram, em grande parte, devidas à serenidade daquele guerreiro magistral e, dependiam dela, é assim com vocês, povo Cristão – vocês vencerão se vocês puderem esperar. Não tenham pressa. Considerem o que vocês devem fazer.

Não estejam tão alarmados quanto a se apressar. Sejam paciente, estejam quietos; esperem o tempo de Deus e assim esperem seu próprio tempo. Esperem em Deus para abrir a boca. Peçam-Lhe para guiar a sua mão e fazer tudo por vocês. A calma da mente é a mãe da prudência e discrição. Ela dá a firme posição que é necessária para o guerreiro, quando ele está prestes a desferir um golpe vitorioso. Aqueles que não conseguem se surpreendem com o medo viverão para se surpreenderem com a misericórdia! “Como”, pergunta alguém “podemos obter isso?” Essa é a questão! Lembrem-se, isto é uma consequência da fé e vocês a terão na proporção em que tiverem fé! Tenham fé em Deus e vocês não terão medo nenhum espanto.

Muito cedo em meus dias de pregação eu tinha fé em Deus em tempos de trovoadas. Quando eu estive andado a pregar, aconteceu que eu havia sido molhado por completo com a tempestade e ainda assim eu não senti nenhum incômodo do trovão e relâmpago. Em uma ocasião eu entrei, devido a extrema gravidade da chuva, em uma pequena casa e encontrei uma mulher lá com uma criança que parecia um pouco aliviada quando ela me reconheceu, mas antes ela estava chorando amargamente com enorme alarme e terror. “Ora,” ela disse, “esta casa é uma pequena hospedagem e o relâmpago vem por todas as janelas. Não há lugar que eu possa ter para escondê-lo dos meus olhos.”

Expliquei a ela que eu gostava de ver o relâmpago, pois me mostrava que era uma explosão estava finalizada, desde que eu tinha vivido para ver a luz, estava claro que isso agora não poderia fazer-me mal. Eu disse a ela que, ouvir o trovão era uma coisa esplêndida, era apenas Deus dizendo: “Está tudo consumado”. Se você vive para [ver] o relâmpago, não há nada o que temer – Você teria sido morto e nunca o teria visto se tivesse sido enviado para matá-lo! Tentei consolá-la sobre questões religiosas e lembro-me bem de orar com ela e fazê-la feliz como um pássaro! Meu ser ficou tão calmo e tranquilo e orando com ela que a animava e, pela graça de Deus, quando eu fui no meu caminho eu a deixei em paz. Você pode depender disso, meus queridos amigos, de modo que a menos que as nossas próprias almas estejam em paz, não conseguiremos comunicá-la aos outros.

Desta forma, temos de acreditar em Deus em tudo. Acontece que sobre essa questão – o trovão e relâmpago – Eu acreditava em Deus até o último grau e, portanto, eu não poderia ficar alarmado quanto a isso. Então, se você acredita em Deus sobre qualquer outro assunto, seja ele qual for, você terá paz perfeita com Deus sobre isso. Se você pode crer em Deus quando você está em uma tempestade no mar, que Ele mantém a água na palma da sua mão, você estará em paz na tempestade. É nesta questão que o incomoda que você deve acreditar – e quando a Fé faz uma aplicação de sua mão para a tribulação peculiar – então a paz de espírito virá até vocês.

Este santa calma vem, também, a partir do andar com Deus. Nenhum lugar é tão sereno quanto o lugar secreto dos tabernáculos do Altíssimo. Comunguem com Deus e vocês esquecerão o medo. Mantenham comunhão diária com Cristo na oração, no louvor, no serviço, investigando a Palavra, na submissão de seu coração à obra do Espírito eterno – e enquanto vocês andam com Deus, encontrarão a si mesmos calmos – Vocês conhecem como o nosso poeta o coloca –

“Ó por um caminhar mais íntimo com Deus,
[Obtemos] um estado calmo e celestial”.

Estes vão juntos. Se vocês gostariam de alimentar-se de certas Verdades de Deus as quais produzirão esta calma de espírito, lembrem-se, em primeiro lugar, de que Deus é cheio de amor e, portanto, nada que Deus envia pode prejudicar Seu filho. Aceitem tudo do Senhor como uma prova de amor, mesmo que seja um golpe de Sua vara, ou um corte de sua espada. Tudo, daquela querida mão deve significar amor, pois Ele disse: “Eis que nas palmas das Minhas mãos eu te gravei” [Isaías 49:16]. Quando vocês aceitam todas as aflições como uma prova de amor, então o seu medo é terminado.

Em seguida, lembre-se da fidelidade de Deus às Suas promessas e do fato de que há uma promessa para a sua posição particular. O Senhor está, neste momento, sob a promessa a você, e essa promessa está registrada em Seu livro. Procure por isto, e em seguida, agarre-a e diga: “Ele deve segurar isso! Ele não pode quebrar Sua Palavra”. Ele disse: “Em seis angústias te livrará” [Jó 5:19]. Você chegou até ao número seis? Ele disse: “Eu nunca te deixarei, nem te desampararei” [Hebreus 13:5], e como Ele pode voltar atrás de Sua Palavra? Se Ele não te deixará, nem te desamparará o que você pode temer? Seja o que vier – a pobreza, a doença, a vergonha, a calúnia – se todos os demônios do inferno estão soltos e todos eles estão vindo contra nós de uma vez, no entanto, se o Senhor está conosco, vamos feri-los nos lombos e coxa e enviá-los de volta para o abismo infernal tão rápido quanto os porcos no passado saltaram do despenha-deiro no mar e se afogaram nas águas!

“Ó”, diz o Diabo: “Eu posso subjugar você”. Nós não dizemos nada a ele, apenas isto: “Você conhece o nosso Mestre! Você conhece o nosso Mestre. Proste-se, senhor! Você conhece o nosso Mestre e este Mestre é a nossa Cabeça da Aliança, nosso Marido e nosso Senhor”. Nem o mundo, a carne, nem o Diabo serão capazes de nos subjugar, pois temos a promessa de um Deus fiel para nos proteger! Muitos de vocês aqui esta noite têm cabelos grisalhos, ou cabeças calvas. Tenho sempre uma grande proporção de pessoas idosas em minha congregação, de forma que eu posso dizer a vocês o que eu não poderia dizer ao povo jovem. Nós, queridos amigos, não devemos ter medo, pois tribulações não há novidades para consoco! Nós temos sentido o pó, e sido sujos com a cinza dos tempos de conflito impensáveis! Nós não devemos estar atribulados – nós já fomos para o mar antes.

E o Senhor não nos ajudou? Diga isso para a Sua honra! Ele tem sido uma ajuda muito presente. Ele tem nos sustentado em meio de tais coisas que duvidar dEle seria uma calúnia descarada sobre Seu caráter! Quanto a mim – e eu suponho que a língua que eu agora uso viria da boca de muitos aqui – o meu caminho tem sido repleto de maravilhas da misericórdia Divina! Tribulações têm abundado e eu estou contente que elas tenham – elas têm sido oportunidades para a demonstração da Graça Divina. Os labores foram tentadas por alguns que disseram: “Estes são esquemas visionários”. Mas Deus sempre tem sido melhor do que a nossa fé! Nós nunca fomos confundidos e eu acho que nós devemos, à este tempo, ter aprendido que confiar em Deus é a coisa mais razoável que nós sempre fazemos!


Há especulações no mundo dos negócios, riscos, mesmo, no empreendimento mais sólido. Mas não há nenhuma especulação em crer em Deus, não há risco em confiar nEle! Ele que pendura mundo sobre o nada e ainda o mantém em seu lugar, pode conduzir o Seu povo para não ter nada e ainda assim possuir todas as coisas! Ele que faz o arco além do Céu ficar seguro sem um reforço ou adereço – um poderoso arco, tal como nenhum engenheiro humano jamais poderia inventar – Ele pode nos fazer ficar sem ajudantes, sem amigos, sem riquezas, sem força e permanecermos também, quando todas as outras coisas, exceto aquilo que Deus apoia tenha ruído na colisão final! “Confie no Senhor para sempre, porque o Senhor Jeová é uma rocha eterna” [Isaías 26:4]. Eu oro por vocês que são as mais tímidas, que a partir de hoje vocês possam ser verdadeiras filhas de Sara e não tenham medo de nenhum espanto. Que Deus as abençoe com esse auxílio gracioso e vocês louvarão o Seu nome. Amém. 
Fonte: SpurgeonGems.Org